Quase Memória é uma linda
homenagem de Carlos Heitor Cony ao seu pai, Ernesto Cony Filho. No romance,
escrito após um hiato de 20 anos do autor sem se dedicar a esse gênero, o
narrador retoma a vida de seu pai (e indiretamente a sua própria, de seus
familiares, dos amigos dele e do país entre os anos 30 e 80), a partir de um
embrulho que recebe por meio de um portador desconhecido, que o faz crer que
foi escrito e preparado por seu pai – que, no entanto, morrera havia 10 anos.
A partir daí, o autor relembra passagens hilárias e
outras dramáticas da vida deste que, muito provavelmente, foi seu herói, e com
isso vai adiando a abertura do tal pacote e nos deixa, leitores, ao mesmo tempo
que extasiados com a narrativa, ansiosos pelo esclarecimento do misterioso
pacote.
Para mim foi uma grata surpresa, porque confesso
nunca ter lido nenhum livro do autor, nem ter tido qualquer interesse até
então. A oportunidade surgiu porque Quase Memória foi o livro
de setembro da TAG (www.tag.com.br)
e lendo o texto do curador da obra, Ruy Castro, me interessei bastante. Devo
dizer que o romance até superou minhas expectativas. Li em cerca de 10 dias,
intercalando com outras leituras, mas poderia ter terminado em menos tempo até.