domingo, 15 de outubro de 2017

#24 Ragtime, E. L. Doctorow

Conheci E. L. Doctorow há uns 6 anos quando cursava Letras na Universidade de São Paulo e um dos livros obrigatórios da disciplina Leituras do Cânon 3 era seu O Livro de Daniel. Cânon 3, como carinhosamente chamávamos, trabalhava com literatura americana, que tivemos muito pouco no curso, é verdade, e a professora Maria Elisa Cevasco (ô, saudade de seus comentários) quis, com sua seleção de obras, fazer um panorama no século XX na história dos Estados Unidos através dos romances, o que foi muito interessante. Lemos no original em inglês O Grande Gatsby, de Scott FitzgeraldO Olho mais Azul, de Toni Morrison, o já citado O Livro de Daniel e Super Sad True Love Story, de Gary Shteyngart, um livro escrito já no século XXI, com a narrativa mais transgressora, digamos, entre os quatro. Devo confessar que não terminei o livro do Doctorow para a disciplina de Cânon 3, mas adorei o programa.
Quando a TAG (www.taglivros.com.br) deu a dica de qual seria o livro de agosto, eu já senti o cheiro de Leituras do Cânon 3 e até pensei, por um tempo, que o livro seria O Grande Gatsby, mas a década não correspondia. Só descobri que o livro em questão era Ragtime quando recebi a caixinha em casa. É incrível como Doctorow consegue misturar ficção e realidade, colocar personagens reais e históricos no romance e, com isso, imprimir mais veracidade e dar ao leitor uma percepção mais clara do que foi a época e o lugar – início do século XX nos Estados Unidos, em meio a uma fortíssima produção industrial, mas onde também a cultura tem importante papel.
A família em que ninguém tem nome, mas são conhecidos como Pai, Mãe, Menino, Irmão mais Novo de Mamãe, Vovô se torna um arquétipo de uma típica família de classe média americana. Além disso, há a família de imigrantes judeus, pai e mãe são Tateh e Mameh (pai e mãe em iídiche), além da filha do casal, que nem nome tem.
Há ainda a presença do mágico Houdini, o músico Coalhouse Walker Jr., da anarquista Emma Goldman, da socialite Evelyn Nesbit, do bilionário J. P. Morgan e do psicanalista Sigmund Freud. Há também espaço para discussão de questões feministas e do problema racial em meio a conceitos pós-modernistas do início do século passado.

Com isso, Doctorow mistura ficção e realidade para dar forma às transformações pela qual passou a sociedade americana no século passado e que, talvez, a tenha levado a ser o que é hoje, com uma carga literária maior que a histórica, sem dúvida.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

#23 O Poder do Hábito, Charles Duhigg

Ultimamente ando muito interessada em livros que tratam do comportamento, de coisas ligadas à psicologia. Eu sempre pensei que seu eu não tivesse cursado Jornalismo e Letras, eu teria feito Psicologia. Acalmai-vos, amigos e parentes! Não pretendo fazer uma terceira graduação, podem se tranquilizar.

Eu resisti um pouco a ler O Poder do Hábito, porque achava que podia ser uma bobeirada de auto-ajuda, mas não é, não.  Ele é, sim, um tanto repetitivo. Alguns exemplos (leia-se capítulos inteiros) servem mais para ilustrar o que já foi dito. Por outro lado, é muito interessante ver o que estava por trás de decisões de grandes empresas, de campanhas de marketing, da vitória de atletas famosos e até de como funciona quando nós mesmo não resistimos àquele doce de todo dia ou não conseguimos estabelecer uma rotina de trabalho e estudos mais produtiva. Ajuda, sim, a pensar em um plano para atingir algumas metas pessoais. Sem contar que a leitura é fácil e agradável. Para o público leigo. Curti.