terça-feira, 27 de junho de 2017

#14 Intérprete de Males, Jhumpa Lahiri

Conheci a escritora indiana Jhumpa Lahiri este ano mesmo, quando li seu O Xará, que veio na caixinha da TAG (www.taglivros.com.br) de fevereiro, já resenhado aqui (http://adrianabuzzetti.blogspot.com.br/2017/05/4-o-xara-jhumpa-lahiri.html). Neste Intérprete de Males, uma coletânea de contos (este, definitivamente, é o ano em que li contos!), as nove histórias mostram personagens em situação de transposição – sejam indianos vivendo fora da Índia (EUA ou Inglaterra) ou uma família de indianos (ou descentes) já americanizados, visitando a terra natal (como no conto que dá título à obra).  Há sempre uma certa estranheza, mas ao mesmo uma tolerância com o que é diferente, quase como uma acomodação, no sentido de colocar as coisas nos lugares para elas encaixarem mesmo não sendo partes perfeitas de um quebra-cabeças. A temática do imigrante em cultura estranha está lá, às vezes pelo olhar de uma criança, sem julgamento, mas com uma curiosidade isenta. Em outros contos, o que se sobressai são temas mais universais, envolvendo amor, sexo, romance. Destaque para “Sexy”, “Quando o Sr. Pirzada Vinha Jantar” e, claro, “Intérprete de Males”.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

#13 A Amiga Genial, Elena Ferrante

A narradora, Lenu, já adulta, conta a história de sua amizade com a Lila desde quando elas eram duas menininhas de 6 anos de idade até os 16, já numa quase transição para a vida adulta. A história se passa na Nápoles do final dos anos 50 e começo dos 60. E não, imagine você, não é uma historinha bobinha!! Eu pensava: “Que burburinho todo é esse em torno dessa tal de Elena Ferrante que, tal qual o grafiteiro Banksy, ninguém sabe quem é?” Pois fui verificar no primeiro livro da chamada quadrilogia napolitana. Assim fui laçada desde as primeiras páginas, chegando a sentir saudade das personagens quando ficava um dia ser ler, por algum motivo que me impossibilitava! Além de retratar toda a comunidade em que elas estavam inseridas, com seus personagens muito bem desenhados, o romance mostra de dentro da cabeça de uma menina (mas com uma certa consciência por estar escrevendo já depois de adulta) os questionamentos existenciais da infância e da adolescência, o choque de realidade com algumas situações vividas, a descoberta do amor e a constatação do não-amor, as escolhas feitas e a ação do acaso. Terminei a leitura e me senti órfã. Preciso urgentemente do segundo livro da quadrilogia!
Em tempo: ao escrever esse texto, leio o terceiro livro da série. Talvez algumas ideias minhas sobre "A Amiga Genial" tenham mudado (mas não a intensidade com que me abateu), mas preferi manter o texto que escrevi assim que o terminei. Em breve mais!

sábado, 10 de junho de 2017

# 12 A Cor Púrpura, Alice Walker

Aqui estou acertando uma dívida imensa, pois se trata de um mega clássico. Se disser que não vi o filme, então, vão me crucificar. Bom, sempre é tempo de corrigir, não é mesmo? Pra quem não conhece nem o filme, um pequeno resumo: história de Celie, mulher, negra, com pouca instrução, é abusada e tem um casamento arranjado com um homem que lhe bate e a trata como empregada. Ela tem tanto amor no seu coração, que, mesmo em meio a tantas tristezas, mantém o espírito confiante de que vai encontrar a irmã que não vê há anos. Primeiro, queria destacar a forma epistolar do romance. Celie escreve cartas para Deus, nas quais desabafa, mas basicamente é com quem conversa, já que na vida real é muito calada. Depois passa a escrever para a irmã, que vive na África, e a esperança de reencontrá-la ressurge. Mas é através das pessoas que conhecem Celie de verdade e passam a entendê-la que ela de fato se conhece, e se transforma, sem perder sua essência. Lindo!