Acho que é a primeira vez desde o início do
blog, há um ano, que faço a resenha (=que leio ou termino de ler) um livro de
crítica literária. Li tantos textos desse gênero na faculdade de Letras que, quando terminei, a ânsia de ler os romances que eu queria ler e estavam parados
era tão grande que abandonei as teorias, embora elas me dêem um imenso prazer.
Confesso que tenho muito livros ainda não lidos. Confesso até que comprei um
segundo exemplar de um deles porque não lembrava que já havia comprado. Enfim,
acontece. Quem sabe faço um sorteio aqui...
Bom, de Leyla Perrone-Moisés eu li alguns
textos esparsos durante a graduação, mas esse Mutações da Literatura no Século XXI me chamou muito a atenção
porque é muito difícil, fora dos jornais e revistas, ver crítica sobre obras
contemporâneas. Além do mais, ela não é jornalista, mas uma crítica literária e
professora universitária. O panorama que tece da literatura produzida neste
século e no final do anterior não pretende ser completo, mas os aspectos que
analisa dão bastante profundidade à discussão e a autora contextualiza com algumas
obras e autores.
O livro é dividido em duas partes: I –
Mutações Literárias e Culturais e II – A Narrativa Contemporânea. Na parte I a
autora aborda o já tão pregado fim da literatura, contextualiza a literatura na
cultura contemporânea, trata da crítica e (um dos melhores capítulos pra mim) o
ensino da literatura. Na parte II, aborda a nova teoria do romance,
intertextualidade e metaficção, distopia, o “romanção”, os escritores como
personagens e a autoficção, entre outros. Ao final, faz uma conclusão sobre o
que escreveu, mas alerta que um livro sobre literatura contemporânea não pode
ser conclusivo justamente pelo fato de o contemporâneo ser/estar ainda
inacabado. Pontuado isso, a autora retoma o “fim da literatura”, a concretude
da literatura na leitura, o papel da literatura e dos leitores, do cinema, da
TV e da internet na produção literária, as tendências atuais, mas mostra também
que o futuro é incerto, embora o que sempre promoveu a sobrevivência da
literatura tenha sido “o desejo de escrever e o prazer de ler” e isso hoje, embora
tentem provar o contrário, ainda temos muito.
Uma leitura deliciosa. Até pra quem não é do
ramo!