Livro da TAG Experiências Literárias de
fevereiro, O Alforje integra aquela
categoria de livros de autoras de quem eu nunca havia ouvido falar. Eu acho fantástico
quando isso acontece. Ainda que eu me julgue muito conhecedora (presunção ou
constatação), sempre tem coisas a se conhecer.
Pois eu nunca ouvira falar da iraniana Bahiyyih
Nakhjavani até receber o livro desse clube maravilhoso que sempre me surpreende.
Logo me interessou, pois sempre fui fascinada pela história do povo persa e
mesmo do Irã atual. A história se passa no deserto no Oriente Médio, no final
do século XIX, em que uma caravana levando uma noiva persa para se casar com
seu noivo turco, união completamente arranjada e carregada de interesse das
famílias, cruza uma região que serve de rota para peregrinos rumo a Meca.
Alguns imprevistos, incluindo crimes, acontecem e a cada capítulo basicamente a
mesma história é contada sob o viés de um personagem diferente que integra a
história: a noiva, um peregrino, um beduíno, uma escrava e até um cadáver. Ao
lermos vamos montando um quebra-cabeça, que muitas vezes exige que voltemos a
um capítulo anterior para retomar alguma passagem e tentar completar a
história. A maestria com que Nakhjavani construiu sua história praticamente
permite que cada capítulo seja lido como um conto independente, mas que faz
parte de um todo. Cada personagem, com suas particularidades, lutando a sua
luta pela sobrevivência num mundo de certa forma hostil, traz elementos da
natureza humana para enriquecer essa história tão bem tecida. Sou grata por ter
acesso a literatura de altíssima qualidade.
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