O primeiro livro de literatura japonesa que a
gente lê a gente nunca esquece! É assim que sinto que vai ser com este Voragem, de Junichiro Tanizaki, escrito
e publicado nos anos 30 no Japão imperial, uma época em que o país já passava
por influência ocidental, mas que (ou talvez por isso mesmo) mantinha certo
conservadorismo. Considero o primeiro, porque Kazuo Ishiguro (que já li),
embora nascido no Japão, é como escritor muito mais britânico do que japonês.
Pois a história de um amor lésbico passado nos
anos 30 no Japão, narrado com delicadeza e sutileza, é o pano de fundo para o
revelar do que é capaz a alma humana. Ou do que são capazes as pessoas por uma
paixão avassaladora, como se perde o bom senso e se envolve num jogo de
intrigas, chantagens, obsessões e mentiras.
Conforme a narradora Sonoko começa a contar
sua história com Mitsuko, somos envolvidos como numa espiral. Quanto mais
próximo ela chega do âmago do acontecimento principal, mais intricadas são as
atitudes dos personagens, tão bem (des)construídos, e mais profundamente estão
eles entrelaçados.
Só não li em menos tempo, porque não vivo
disso. Certamente este livro abre as portas para mais obras desse autor e de
outros e outras de mesma origem e qualidade.
Em tempo: estou lendo, escrevendo e publicando
praticamente em tempo real. Houve uma época em que eu tinha 5 ou 6 cartas na
manga. Agora estou tentando ler um por semana para ter algo a publicar toda
segunda-feira. #oremos