sexta-feira, 30 de novembro de 2018

#28 Inteligência Emocional, Daniel Goleman


Um pouco cansativo e repetitivo, mas com ideias interessantes sobre como usar a inteligência emocional a nosso favor em diversas áreas: liderança, educação, ansiedade, depressão, casamento, família.
A autor mostra que inteligência emocional é útil em todos os aspectos da vida e que, por isso, deve ser ensinada na escola até, pois é a responsável por que desenvolvamos motivação, persistência, dedicação, concentração e entusiasmo. E tudo isso vai moldar o que seremos e onde conseguiremos chegar.
Eu gosto de psicologia e achei interessante. Também, conforme vou lendo outras obras correlatas, vou relacionando as informações e tudo vai fazendo mais sentido. Mas achei uma leitura bem pesada. Fui lendo muito aos poucos, acho que demorei mais de seis meses, intercalando com outras coisas. Senão, não rola. Mas vale a pena!

Sobre a crise no mercado editorial e o desejo das pessoas de ler mais

Muito temos visto e comentado nas redes sociais sobre a crise do mercado editorial, a situação dramática das duas maiores redes de livraria do país, a consequente situação dramática das editoras (de todos os tamanhos) a falta de hábito de leitura do brasileiro, o preço dos livros, a concorrência 'desonesta', o advento do livro eletrônico, a tristeza que é tudo isso.
Eu sempre li bastante, mas de uns tempos pra cá passei a ler muito mais, porque quanto mais eu leio, mais eu quero ler. E desde o ano passado escrevo o que eu acho dos livros que leio (eu chamo de resenha...) neste despretencioso blog aqui.
Embora muitas pessoas me falem que leem o que eu posto, ainda são muito poucas as visualizações que aparecem pra mim e quase ninguém comenta também. Eu fiquei cinco meses sem postar por muitas razões, entre eles a falta de tempo e ânimo (mas não parei de ler). Retomei as postagens há duas semanas. Menos visualizações ainda do que nos meses anteriores. Vou seguindo meu caminho.
Muita gente fala pra mim: "Eu gostaria de ler bem mais, mas não consigo". O que eu acho é que não gostaria de verdade. Ou gostaria porque acha bonito mostrar que gosta de ler, não porque sente prazer naquilo. Porque quando a gente quer, a gente arruma tempo, dá um jeito. É uma questão de hábito. Já escrevi num post também dicas para ler mais. Quem tiver interesse pode ler aqui: https://adrianabuzzetti.blogspot.com/…/04/como-ler-mais.html
"Ler mais" não precisa ser passar de 3 livros por ano para 20. "Ler mais" pode ser ler 5 páginas todos os dias, nem que isso signifique ler 5 livros por ano. É o hábito. A gente cria.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

#27 Fique Comigo, Ayobámi Adébáyò


Mais um livro da TAG Inéditos, agora com o apelo de ser de uma autora nigeriana. Depois que ter lido quase tudo da Chimamanda Ngozi Adichie na sequência e de conhecer Buchi Emecheta, “autora nigeriana” significa pra mim “tem que conhecer”. O que mais encanta é ter contato com uma cultura diferente da nossa.
Nessa história, que tem como pano de fundo o momento político e social da Nigéria nos anos 80, Yejide é uma mulher da qual se espera unicamente que dê um filho a seu marido. Como isso demora a acontecer, pensa-se logo que a culpa é dela e que o marido deve o mais rápido possível arrumar uma segunda esposa – se você não sabe, a poligamia é prática comum naquela sociedade.
Retrato cultural de uma sociedade patriarcal, em que a mulher tem um papel importante, porém sem voz alguma, este livro mostra as sutilezas das relações humanas dentro de um contexto que desfavorece o diálogo aberto, a transparência, mas que não pode ser simplesmente recriminado por quem está totalmente de fora. Um grande ganho em desviar o olhar daquilo a que estamos acostumados é questionar, sim, mas sempre tentando entender o processo social por trás do que se está em jogo. Gera empatia, como li num artigo super interessante sugerido pela amiga Flávia Alves esta semana. E a empatia é o que nos torna mais humanos.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

#26 Um Solitário à Espreita, Milton Hatoum


Essa coletânea de crônicas de Milton Hatoum é uma excelente porta de entrada para quem ainda não conhece a obra do amazonense de origem libanesa. Elas mostram sua habilidade de extrair uma história do mais pequeno e talvez insignificante acontecimento do cotidiano. Como o próprio nome do livro deixa a entender, são as visões perspicazes de um observador atento. Mais que isso, sua capacidade de transformá-las em textos delicados e sensíveis.
Para mim, foi especialmente deliciosa de ler a parte de crônicas que tratam do livro, da língua, do ato de escrever, da literatura em sim, ou seja, metalinguagem pura. Mas também há textos cheios de lirismo sobre a memória e o afeto, ou sobre política e os anos sob a ditadura. Imperdível!

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

#25 A Vendedora de Livros, Cynthia Swanson


Se não me bastasse ter um campo de interesse literário vastíssimo, me colocando na situação angustiante de saber não ter tempo de ler tudo que gostaria, ainda assino dois clubes de leitura. Sem querer soar pedante, eu não preciso que me indiquem o que ler – já tenho vontades suficientes! Mas a experiência de receber algo selecionado por outras pessoas, sem saber previamente o que é, que são ou obras cultas ou inéditos no Brasil tem seu apelo e charme. Este A Vendedora de Livros chegou pela TAG Inéditos, e sem vontade de ficar para trás ou atrasada com as leituras do clube, não deixei de lado.
Best-seller internacional até então inédito no Brasil, conta a história de Kitty, dona de uma livraria em sociedade com sua amiga Frieda. Enquanto durante o dia sua vida em meio aos livros lhe basta e ela se sente realizada e feliz, à noite sonha que tem outra identidade, é casada, com filhos e leva uma vida completamente diferente. A vida dos sonhos parece perfeita, mas logo se coloca cheia de desafios e tanto Kitty quanto nós não sabemos o que é melhor nem o que é a realidade.
Pode parecer uma história bobinha, chick lit descompromissada, mas tem uma delicadeza e uma beleza que vai se descortinando, se mostrando uma obra sobre identidade, amor, perda e as possibilidades que às vezes ignoramos, mas que estão logo ao lado.

sábado, 17 de novembro de 2018

#24 Passagem para o Ocidente, Mohsin Hamid


Alguns anos atrás tomei conhecimento da obra desse escritor paquistanês pelo seu segundo livro, O Fundamentalista Relutante. Além de eu me interessar pelo tema, caí de joelhos pela narrativa. Achei um romance contundente e arrebatador. Daí o interesse por Passagem para o Ocidente. Para mim, este se trata de uma metáfora sobre a crise migratória que assola o mundo hoje, com toda a sua complexidade.
A história se passa numa cidade não identificada, de maioria muçulmana, em que dois jovens, Saeed e Nadia, num romance meio desajeitado, buscam alternativas para a violência que assola o local por atos terroristas e guerra civil. Assim, ficam sabendo de passagens secretas que levam para outras cidades do mundo, sem ter garantia ao certo de onde vão dar. Ao longo da narrativa, desfilam as mais variadas paisagens e situações políticas e sociais que fazem o pano de fundo para o relacionamento de Saeed e Nadia, em meio a temas como desigualdade social, crise dos refugiados e conflitos culturais e religiosos. Mais atual impossível!