sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

#33 Limonov, Emmanuel Carrère

Eu tive 3 paixões literárias em 2017: Elena Ferrante, os russos (que foi na verdade um reavivamento de uma chama antiga!) e uma terceira que vocês saberão amanhã. O livro de hoje não é exatamente escrito por um russo (embora o autor tenha descendência eslava por parte de mãe), mas sobre um russo, uma espécie de reportagem biográfica.
Um dos aspectos mais legais de ler é conhecer outros mundos. Eu não conhecia nem o autor do livro (Emmanuel Carrère, que eu soube depois ser muito famoso na França) nem sobre quem ele escrevia (Eduard Limonov, poeta, escritor, ativista, dissidente político russo). Tanto é que quando recebi esse livro no kit de junho da TAG (www.taglivros.com.br) não me interessei muito e só o li em novembro, motivada pelo fascínio que a cultura e a história russa exercem sobre mim e que estava exacerbado depois de Tolstói.
O personagem, digamos, não é uma figura por quem você cai de amores com facilidade: ele é controverso, teve atuações que podem ser tomadas como inconsequentes, levou uma vida em muitos momentos desregrada, mas no final eu fiquei hipnotizada. Contribuiu para isso a escrita apaixonada/apaixonante de Carrère, que te prende do começo ao fim, embora ele tenha dito em reportagem da Folha de São Paulo que, depois de passar duas semanas com o objeto de sua pesquisa para compor o livro, ele não mais sabia se gostava ou não de Eduard ou se ele era mocinho ou vilão. Mas talvez as coisas não sejam mesmo assim tão simples de definir, Monsieu Carrère...

Mais do que conhecer a vida do biografado, ao ler Limonov conhece-se um pouco (mais) da história da União Soviética, desde o fim da II Guerra Mundial (época em que Limonov nasceu), passando pela guerra fria, até a Rússia dos anos 2000 e a era Putin, a quem Limonov fez oposição ferrenha. Obviamente o olhar é enviesado (o que não é, afinal?), mas se o leitor já possui outras informações sobre esse país vai juntar as pecinhas desse imenso (não resisti ao trocadilho) quebra-cabeças e formar uma nova (ou ampliada) paisagem. 

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