Foram três livros de Chimamanda na
sequência! Meio Sol Amarelo é um retrato
bem desenhado do que passou parte da população da Nigéria durante a guerra pela
independência da província de Biafra, no final dos anos 60 e início dos 70. A
história é narrada sob três pontos de vista:
1.
Ugwu, adolescente
que trabalha na casa do professor universitário Odenigbo, que na surdina participa
da trama da revolução para criar a República do Biafra;
2.
Olanna, filha
de família rica, mas que se recusa a fazer parte do jogo de poder de seu pai e
decide ser professora universitária, é mulher de Odenigbo;
3.
Richard, inglês
fascinado pela arte de uma tribo nigeriana, vive no país há muitos anos,
fala a língua ibgo, é namorado de Kainene (irmã gêmea não-idêntica de Olanna).
Diante dessas três diferentes, mas
complementares, perspectivas, é possível ter uma visão mais completa de como o
conflito afetou as diferentes camadas que compunham a sociedade biafrense.
Acima de ser um relato sobre a guerra civil (que matou além dos soldados e civis
que foram bombardeados pelas tropas nigerianas após a declaração de
independência do Biafra, também os que morreram de fome, devido ao isolamento
que se seguiu, durante os 3 anos de existência do Estado biafrense), esse
romance épico tenta mostrar como os indivíduos tentaram continuar com suas
vidas ou usaram das relações que possuíam para ajudar seu povo a sobreviver –
caso de Odenigbo, que até certo ponto manteve suas aulas na universidade, e de
Kainene, que usou de seu bom trânsito no meio militar para abrir caminho e
facilitar a entrada de alimentos e a ajuda às pessoas desamparadas pela guerra.
Mais uma vez, acredito que
Chimamanda parte do subjetivo para o coletivo, fazendo um recorte que ilustra
muito bem o todo. Imperdível!
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