Nada conta a história da jovem Andrea, que vai do
interior da Espanha para a Barcelona pós-Guerra Civil Espanhola a fim de cursar
Letras na universidade local e morar com os parentes que lá vivem.
Seu percurso acadêmico fica em segundo plano
para dar lugar ao sentimento de inadequação que Andrea vive. A começar pela sua
chegada à casa em que moram a avó e alguns tios. Sinais de decadência na
moradia e nas relações entre os familiares saltam aos olhos. A jovem sente que
é um incômodo na casa, pois veio a dar gastos e desequilibrar ainda mais uma
dinâmica que já não era nada equilibrada.
Na universidade, mais sentimento de
não-pertencimento: ela sente vergonha de suas roupas, seus sapatos, sua falta
de materiais, sua origem humilde, enquanto todos os outros alunos parecem ter
condições melhores. Ena é a amiga que acolhe Andrea, mas com quem também parece
ter uma relação ambígua.
Um dos méritos da escritora Carmen Laforet foi
de não ter feito uma crítica aberta ao regime franquista, revelando detalhes de
como era a vida sob a ditadura de forma bastante sutil. Com isso, escapou da
censura do período, sendo até agraciada com o Prêmio Nadal. No entanto, a
família da escritora se viu retratada por meio de vários personagens do livro,
se ofendeu e policiou suas publicações futuras, o que culminou em obras cada
vez mais escassas.
Com uma linguagem limpa, livre de
sentimentalismos (mesmo diante de uma realidade triste e difícil), Carmen
Laforet consegue expressar uma sensível poesia frente a atrocidades que
marcaram a vida dos personagens.
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