Este ano me propus a ler mais
clássicos, porque normalmente leio umas coisas um pouco fora da curva. Este foi
um deles. Eu sempre gostei muito da literatura francesa, especialmente do
realismo/naturalismo (não só na França, nesse caso), e essa edição da Editora
Zahar (sem querer fazer propaganda) é linda de viver!!!! Capa dura, papel reading-friendly,
apresentação escrita pelo tradutor Jorge Bastos que acrescenta muito à
experiência de leitura, mais de 80 notas ao longo do livro (tem quem não goste,
mas eu amo, desde que sejam na própria página e não no fim do livro; ninguém
merece ter que ficar indo e vindo) e cronologia da vida e obra de Zola.
Portanto, mais que me empolguei. E valeu cada minuto da leitura.
“A Besta Humana” foi publicado
originalmente em 1890 e faz parte de um projeto literário de Zola chamado “Os
Rougon-Macquart: história natural e social de uma família sob o segundo
império”. Ele achava que sua obra era mais científica que a de Balzac, por
exemplo, que por meio do recorte de uma família fosse descrever a sociedade da
época.
O membro da família Rougon-Macquart
aqui é Jacques Lantier, maquinista na linha de trem que liga Paris à portuária
cidade de Le Havre, no norte da França, cuja ruptura de caráter é a violência
contra as mulheres.
Além do viés psicológico da trama, o
fascínio que as locomotivas exerciam no final do século XIX transborda pelas
páginas, a ponto de a locomotiva que ele conduzia ter nome, Lison, e ser
considerada até uma personagem no livro. O romance também pode ser lido como
uma crítica ao exagero industrial. Mas o que sobressalta é a qualidade
literária, como conta a história, como cria os personagens e amalgama tudo isso
em algo que sobrevive à passagem do tempo.
Ficha técnica
Editora: Zahar
Tradução: Jorge
Bastos
Ano: 2014
Páginas: 367
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