segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

#2 O Quinze, Rachel de Queiroz

Quando eu adquiri meu leitor digital pouco mais de um ano atrás, ganhei um livro de uma lista pré-selecionada pela loja e escolhi baixar O Quinze, do qual tinha ouvido falar brevemente no ensino médio, nas aulas de modernismo brasileiro. Aquela era uma época que me fascinava, os autores regionais. Li e reli Vidas Secas, de Graciliano Ramos, com imenso prazer e vontade de estudar um pouco mais. Já na faculdade de Letras, voltei a Graciliano com a obra São Bernardo, mas nunca voltei a Rachel de Queiroz. Em novembro de 2017 li As Três Marias, enviado pela TAG e resenhado aqui já (http://adrianabuzzetti.blogspot.com.br/2017/12/32-as-tres-marias-rachel-de-queiroz.html) e agora resolvi acertar as contas com o primeiro romance dessa escritora cearense. 
Já impressiona por ela o ter escrito aos 19 anos. A seca que relata era tão contundente que não pode passar incólume aos olhos da jovem escritora. Nele, ela narra a saga de famílias, representadas aqui pela de Chico Bento, que perdem trabalho porque se foi todo o gado, o pasto, enfim, suas formas de subsistência, devido à seca devastadora que assolou o nordeste brasileiro no ano de 1915. Na fuga do local de origem, alguns morrem, outros tentam caminhos alternativos que também não levam a uma vida mais digna. Há ainda o romance entre Conceição e Vicente, que permeia o livro todo.

Rachel tem uma prosa cativante que faz o leitor não querer parar de ler. O livro pode não ter a profundidade psicológica de um Graciliano ou a complexidade linguística, de enredo e narrativa de um Guimarães Rosa, mas é um fiel recorte de um momento importante na história regional do país, inserindo já no início da carreira essa escritora no rol dos romancistas representantes de um momento também muito importante da nossa literatura.

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