Quando eu adquiri meu leitor digital pouco mais de um ano
atrás, ganhei um livro de uma lista pré-selecionada pela loja e escolhi baixar O Quinze, do qual tinha ouvido falar
brevemente no ensino médio, nas aulas de modernismo brasileiro. Aquela era uma
época que me fascinava, os autores regionais. Li e reli Vidas Secas, de Graciliano Ramos, com imenso prazer e vontade de
estudar um pouco mais. Já na faculdade de Letras, voltei a Graciliano com a
obra São Bernardo, mas nunca voltei a
Rachel de Queiroz. Em novembro de 2017 li As
Três Marias, enviado pela TAG e resenhado aqui já (http://adrianabuzzetti.blogspot.com.br/2017/12/32-as-tres-marias-rachel-de-queiroz.html) e agora resolvi acertar as contas
com o primeiro romance dessa escritora cearense.
Já impressiona por ela o ter escrito aos 19 anos. A seca que
relata era tão contundente que não pode passar incólume aos olhos da jovem
escritora. Nele, ela narra a saga de famílias, representadas aqui pela de Chico
Bento, que perdem trabalho porque se foi todo o gado, o pasto, enfim, suas
formas de subsistência, devido à seca devastadora que assolou o nordeste
brasileiro no ano de 1915. Na fuga do local de origem, alguns morrem, outros
tentam caminhos alternativos que também não levam a uma vida mais digna. Há
ainda o romance entre Conceição e Vicente, que permeia o livro todo.
Rachel tem uma prosa cativante que faz o leitor não querer parar
de ler. O livro pode não ter a profundidade psicológica de um Graciliano ou a
complexidade linguística, de enredo e narrativa de um Guimarães Rosa, mas é um
fiel recorte de um momento importante na história regional do país, inserindo
já no início da carreira essa escritora no rol dos romancistas representantes
de um momento também muito importante da nossa literatura.
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