Pode-se dizer que estou numa fase de acertar contas com
autores que nunca li e há muitos e muitas brasileiras entre eles.
Lygia era dessas que eu só via o nome em coletâneas de contos
e, confesso, nunca tinha tido nenhum interesse muito forte. Daí que conversando
com meu amigo Otávio Al’ban, leitor voraz, esses dias sobre metas de leitura
para 2018, ele me mostrou sua imensa lista de autores nacionais que quer ler esse
ano. Não lembro se de fato Lygia estava entre eles, mas acendeu uma luzinha
aqui pra mim de que eu deveria ler/conhecer mais autores nacionais também. Daí
que o segundo empurrãozinho veio de uma promoção numa livraria de obras de
Lygia Fagundes Telles com um preço bem convidativo para a versão digital.
Escolhi apenas pela sinopse começar com Ciranda
de Pedra, sem saber que esse foi o primeiro romance da autora. Juro, eu nem
lembrava que já haviam sido feitas novelas desse romance! Não devo tê-las visto
na época em que passaram.
Primeiro que essa mulher escreve fabulosamente bem. Há tantos
não ditos, tantos “quases”, tantas sutilezas que perpassam a narrativa, que
fazem desse romance uma obra de alto nível em termos de linguagem.
Segundo que a construção da protagonista Virgínia é toda no
plano psicológico; o leitor entra na cabeça dela; acompanha seus pensamentos,
seu raciocínio. Nós, leitores, vamos descobrindo a Virgínia no seu processo de
amadurecimento ao mesmo tempo que ela própria vai se conhecendo. O
desmembramento de sua família é que vai desencadeando suas reações e faz com
que nós também questionemos a nossa existência e as nossas relações, quão
hipócritas podemos ser em certos momentos e quão sabotadores chegamos a ser da nossa
própria felicidade.
Enfim, fui muito feliz na leitura. Antes tarde do que nunca!
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